Situação só piorou

A dispersão de refugiados pelo mundo acentuou-se nos últimos dois anos, a ponto de se tornar um dos mais graves problemas sociais enfrentados pelos países centrais. Eles chegam aos montes, nas fronteiras da Europa.

Poucos imaginavam que esse efeito colateral da guerra síria abalaria a estabilidade das grandes nações mundiais e as fariam pensar nos custos/ benefícios que supostamente essa guerra tem.
Memórias de uma época - II

20091215

Portas abertas ao abuso de drogas

O uso de maconha não é o único fator de risco para adolescentes ingressarem no mundo das drogas. Aspectos ambientais e familiares são mais importantes.


A maconha não é uma porta de entrada pela qual se pode predizer um eventual abuso de drogas, segundo um longo estudo de Ralph Tarter e cols., do University of Pittsburgh Medical Center, com base no período de 1997-2009, publicado pelo American Journal of Psychiatry (Dez. 2009).

Os resultados da investigação põem em questão a filosofia básica dos esforços de prevenção e de políticas públicas, praticados nas últimas seis décadas, causa de muitos pais entrarem pânico ao descobrir uma bucha ou um cigarro de maconha no quarto do filho.

Tarter e cols. (2009) acompanharam 214 meninos com idades entre 10 e 12, os quais, eventualmente, usaram drogas (legais ou ilegais). Quando os meninos atingiram a idade de 22 anos, eles foram divididos e avaliados em três grupos: 1) os que usavam apenas álcool ou tabaco; 2) os que começaram com álcool e tabaco e depois começaram a fumar maconha (seqüência de entrada); e 3) aqueles que usavam maconha antes do álcool ou tabaco (seqüência reversa).

A pesquisa revelou que a maioria das pessoas avaliadas (63,2%) não eram mais propensas ao uso de substâncias psicoativas do que aquelas que seguiram a sucessão tradicional do álcool e tabaco antes da droga ilícita. Quase um quarto (23,7%) da população estudada usaram drogas lícitas e ilícitas em algum momento; e apenas 13,1% exibiram o padrão reverso do uso da maconha antes do álcool e/ou tabaco.
"O acesso progressivo à maconha pode ser o padrão mais comum, mas, certamente, não é a única ordem no uso de drogas. Na verdade, o padrão reverso é uma imposição forçada para se prever o risco de desenvolver dependência de drogas" (Tarter e cols., 2009).

Nesse estudo, além de testar a hipótese de uso da maconha (gateway) como preditor para o abuso de drogas (que não ficou totalmente confirmada), os pesquisadores procuraram identificar algumas características que distinguem os usuários do Grupo 2 (Sequência de entrada: álcool - tabaco - maconha). Das 35 variáveis examinadas, apenas três surgiram como fatores diferenciadores:

Os usuários em sequência reversa (maconha- álcool – tabaco) tinham vividos em bairros periféricos (em ambientes pobres), estavam mais expostos às drogas (na vizinhança) e não tinham muita atenção dos pais na infância. Ficou evidente, no estudo, uma tendência geral para o desvio de conduta ou comportamento criminoso, fortemente associada a todas as drogas ilícitas, desde a infância - quer se trate da seqüência de entrada ou reversa.

Enquanto a “teoria do gateway” postula que cada tipo de droga está associado a certos fatores de risco específicos, causadores de abusos de drogas subseqüentes, os resultados do estudo de Tarter e cols. (2009) sugerem que os aspectos ambientais influenciam fortemente sobre o tipo de substância a ser utilizada. Ou seja, “se for mais fácil para um adolescente fumar maconha do que tomar cerveja, então ele vai ser mais propenso a fumar maconha”.

Esta evidência conhecida como o “modelo de responsabilidade comum” é uma teoria emergente, segundo a qual a probabilidade de alguém fazer a transição para o uso de drogas não é determinada pelo uso anterior de uma determinada droga, mas sim por tendências individuais do usuário e as circunstâncias ambientais.
"A ênfase sobre as drogas em si, ao invés de outros fatores mais importantes que moldam o comportamento de uma pessoa, tem sido prejudicial para a política de drogas e programas de prevenção. Para se tornar mais eficazes os nossos esforços para combater o abuso de drogas, deveríamos dar mais atenção às intervenções que abordam estas questões, sobretudo para as competências parentais que moldam o comportamento da criança, bem como pelas pessoas e ambientes de vizinhança" (Tarter e cols., 2009).
Segundo o estudo, intervenções focalizando mudanças de comportamento podem ser mais eficazes do que as táticas de prevenção anti-drogas tradicionais. Por exemplo, fornecendo orientações para os pais - em especial àqueles em bairros de alto risco – para estimular e impulsionar suas habilidades de cuidar melhor dos filhos, poderia ter um efeito mensurável sobre a probabilidade de uma criança fumar maconha. Além disso, a identificação precoce de crianças que apresentam tendências anti-sociais poderiam permitir intervenções antes mesmo de começar o uso de drogas.

Apesar desta pesquisa ter implicações significativas nas abordagens de prevenção do abuso de drogas, observam Tarter e cols. (2009) que o estudo tem algumas limitações, pois foram estudadas apenas pessoas do sexo masculino e não foram feitas análises de comportamentos em face do consumo de álcool, tabaco e maconha.

Em entrevista a Dev Meyers para o site Examiner.com, o Dr. Tarter (2009) informou que acompanha 775 famílias desde 1990, encontrando fatores ambienhtais e familiares que levam algumas crianças a usar drogas e desenvolver certos vícios. “Em algum lugar ao longo do caminho do desenvolvimento da infância até a idade adulta, uma determinada percentagem de crianças podem desenvolver um vício".

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