Sal, gorduras e açúcares: trio perigoso
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 45% da população brasileira está acima do peso e 20% dos adultos já são considerados obesos.
Até o fim do ano, estima-se que pelo menos 42 milhões de crianças com menos de 5 anos estarão obesas ou acima do peso, das quais 80% morando em países menos desenvolvidos. No Brasil, 30% das crianças estão acima do peso, e destas, 15% consideradas obesas.
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seu filho longe da obesidade
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Na última assembleia da OMS, realizada em Genebra neste ano, a organização recomendou que os países adotassem medidas para reduzir o impacto da propaganda de alimentos pouco nutritivos sobre as crianças, já que as escolhas delas influenciam em até 80% as compras feitas pela família.
“Excesso de peso e má alimentação são responsáveis por um grupo chamado de macrodoenças, que estão ligadas à principal causa de óbitos no país, por desencadearem problemas cardiovasculares”, (João Eduardo Salles, do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).Esses males são a hipertensão, a obesidade e a hipercolesterolemia (colesterol alto), responsáveis pelo maior número de mortes no Brasil.
Um recente estudo do Ministério da Saúde revelou uma queda no consumo de alimentos saudáveis e a substituição por produtos industrializados e refeições prontas.
O que a população desconhece é que esses alimentos geralmente contêm grande quantidade de sódio e gordura saturada, que, se consumidos com frequência, podem gerar sérios problemas de saúde (Márcia Fidelix presidenta da Associação Brasileira de Nutrição).Açúcar, sal e gordura em excesso são os maiores vilões do consumismo exacerbado pelas campanhas publicitárias de Rádio/TV (direcionadas ao público infantil). Para alertar a população sobre esses riscos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma série de novas regras para a publicidade e a promoção de alimentos e bebidas com baixo teor nutricional e elevadas quantidades de sódio, açúcar e gordura saturada ou trans (Resolução RDC 24/2010)
A Resolução (RDC 24/2010) inclui a veiculação de alertas nos comerciais de televisão e rádio, com textos indicando que o produto “contém muito açúcar e, se consumido em grande quantidade, aumenta o risco de obesidade e cárie dentária”, entre outros aspectos.
O limite dado pela agência para a quantidade de açúcar em alimentos sólidos é de 15g a cada 100g de produto. Um pacote de biscoito recheado, por exemplo, chega a conter 60g de açúcar em 100g de biscoitos, mais de quatro vezes superior ao limite. Quanto à gordura saturada, o valor estabelecido é de 5g a cada 100g. E o limite para a quantidade de sódio é de 0,4g para cada 100g de produto. As empresas terão 180 dias para se adequar às novas regras.
A iniciativa da Anvisa visa proteger os consumidores da omissão de informações e da indução ao consumo exagerado: “Os alertas nas propagandas vão possibilitar a reflexão do consumidor, para que ocorra uma mudança de comportamento, desestimulando os excessos (Maria José Delgado, gerente de monitoramento e fiscalização de propaganda da Anvisa)
Para muitos nutricionistas, os biscoitos recheados, os refrigerantes e as refeições industrializadas são os vilões, devido à quantidade excessiva de açúcar e gorduras, mesmo estando isenta de gordura trans. Os refrigerantes e as comidas congeladas (pizzas, lasanhas, sanduiches etc), estão repletos de sal e gordura saturada. E não adianta recorrer aos refrigerantes de baixa caloria, porque estes possuem elevada quantidade de sódio, que prejudica o sistema vascular.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Alana, com crianças entre 3 e 11 anos, destacou que guloseimas são mais desejadas que brinquedos, indicando que os biscoitos recheados são os mais consumidos, seguidos por refrigerantes, salgadinhos, batatas fritas e pizzas. Segundo a pediatra Maria Cristina Duarte estes produtos produzem calorias vazias, sem valor nutricional, com baixos teores de vitaminas, proteínas e fibrase, podendo “gerar nas crianças um problema chamado síndrome metabólica”. Ela conta que essa síndrome causa elevações dos níveis de lipídios e colesterol, alterações na glicemia e na insulina e pode levar à obesidade e à hipertensão arterial.
Para a coordenadora-geral do projeto Criança e Consumo, Isabella Henriques (Instituto Alana), deveria haver uma resolução específica para o público infantil, mas a Anvisa perdeu essa oportunidade para regular os excessos.
Apesar de ser uma medida inovadora, um avanço para a proteção da sociedade, a Anvisa perdeu a oportunidade de ir além (...) Um capítulo que regulamentava a vinculação de brindes e outros atrativos a alimentos que, em excesso, podem ser nocivos à saúde das crianças e definia horários apropriados para a divulgação desses produtos não foi incluído na resolução da Anvisa. A maior parte da publicidade desses alimentos é voltada para o público infantil, que deveria ser tratado de forma especial, por ser formado por consumidores hipervulneráveis (Isabella Henriques, do Instituto Alana).
[Com informações de Carolina Khodr, Correio Brasiliense]
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