Ritual de crueldade e medo
Espetar agulhas no corpo de crianças: ritual satânico híbrido ou crime passional? Mistério a ser desvendado.
Um ritual com agulhas, que não é de candomblé e nem de vudu, podendo ser uma modalidade de magia negra cujo “serviço” incluiria elementos do vodu (agulhas e bonecos) e de ritos afro e católicos. Mas também pode ser apenas um meio místico de causar medo e sofrimento em outra pessoa por motivos sentimentais e familiares.
Uma mulher de 42 anos (com 12 agulhas dentro de seu corpo, há pelo menos dois anos) é o terceiro caso semelhante tornado público no Brasil nas últimas semanas. Antes dela, médicos identificaram objetos metálicos pontiagudos em dois meninos, um, com dois anos e meio de idade, na Bahia (cerca de 50 agulhas) e outro de cinco anos, no Maranhão (com sete agulhas), todos com um histórico parecido (vítimas de brigas de casais) e motivos, aparentemente, diferentes.
No caso da mulher de Santa Maria (RS): “Ele disse que queria me ver aleijada, em uma cadeira de rodas, para ficar dependente dele”.
Quanto ao menino de Ibotirama (Bahia), segundo o delegado Helder Santos, o padrasto fez com o objetivo de “matar a criança como forma de vingança, pelo fato de brigar muito com a companheira, que é mãe da criança'.
No caso da criança de São Vicente Férrer (Maranhão), ainda não se sabe, mas se espera que o pai revele os motivos, por ser apontado como praticante de magia negra (aliás, muito comum naquela região do Maranhão).
Os rituais também apresentam algumas semelhanças, segundo as descrições fornecidas pelos suspeitos e a vítima adulta: “As agulhas fariam parte de um ritual de magia negra. Ele contou que me dopava”, disse a vítima de Santa Maria (RS).
Segundo o padrasto do menino de Ibotirama (BA), as agulhas de costura, compradas na cidade, eram entregues à sua amante, Angelina, que, por sua vez, levava o material para ser “benzido” por uma mãe-de-santo, Bia (Maria dos Anjos Santos), que teve a idéia do trabalho: “Bia trabalhava com os caboclos, com os orixás, para poder fazer isso. Era ela quem preparava o vinho para dopar o menino”.
As agulhas eram inseridas na criança na casa de Angelina, para onde o suspeito o levava quando os filhos e netos desta não estavam. Ali, depois de fazer o menino beber água e vinho, ela incorporava uma entidade que orientava a ação de espetar as agulhas. Segundo o padrasto, o ritual aconteceu várias vezes durante um mês e, em cada sessão, de três a quatro agulhas eram colocadas no corpo do menino. Apesar de embriagada, a criança ficava acordada durante todo o ritual, chorava muito e reclamava.
“Foi um sofrimento brabo mesmo. Era para atingir a mãe do menino. Angelina ficava ali junto, segurando no menino, para eu poder colocar as agulhas. Eu achava que as agulhas iam caminhar pelo corpo para matar o menino”.
Para o antropólogo Cláudio Luiz Pereira (2009), da Universidade Federal da Bahia, que estuda casos de sacrifícios envolvendo crianças em rituais, o menino de Ibotirama (BA) não foi vítima de um rito religioso, mas possivelmente de um crime passional. Explica que é preciso cuidado ao relacionar o crime a rituais, pois estes envolvem técnicas e meios para se obter um fim e contam sempre com um sacrificante (filhos dados como oferenda, por exemplo) e os sacrificadores (executores), o que no presente caso, não está evidente: “O que parece é que a crueldade foi motivada pela honra, como consequência de dor de amor de alguém que passava por sofrimento psíquico.”
Para Pereira, houve um esforço dos suspeitos para caracterizar a ação como um ritual. No entanto, os elementos usados parecem “aleatórios”, segundo ele, já que misturavam agulhas – 'ferramenta’ do vodu, usada para espetar bonecos similares à “vítima” – com vinho e água benta, elementos do catolicismo, e entidades do candomblé, de origem afro. O pesquisador não encontrou nem um sentido de punição da criança como se ela simbolizasse à figura da mãe, o que corresponderia a uma forma de vudu.
Esta informação de Etcetra (sic) é muito pertinente também:
Pesquisas realizadas na área de antropologia revelam que, além de provocar um estado de completa passividade, o medo pode causar uma reação orgânica capaz de levar o individuo à morte. Isso explicaria o sucesso alcançado por praticantes de vodu e magia negra, que através da feitiçaria chegaram a matar vítimas.Sobre agulhas pelo corpo, uma matéria publicada pela Revista da Fraternidade (vol 2. n. 1, 1969), dedicada ao espiritismo, relata o caso de uma senhora de 45 anos, pobre, espírita, moradora da periferia de Lorena (São Paulo), que vivia com mais de 60 agulhas no corpo, que ela não sabia de onde teriam vindas.
Os antropólogos que estudam os costumes de culturas primitivas narram certas práticas disseminadas entre alguns povos - muitas delas ainda em uso - que chegam a horrorizar não só por envolverem morte e violência, mas principalmente por se mostrarem inexplicáveis. No entanto, depois de estudos mais atentos, os pesquisadores descobriram que por trás de muitos fatos aparentemente estranhos, provocados por magia ou vodu, existem causas nada mágicas, que hoje já podem ser desvendadas pela ciência. Ao que tudo indica, o medo por parte das vitimas está na base dos ataques bem-sucedidos de feitiçaria. (Portal das Curiosidades)
Dizendo que vive normalmente, porém sentindo as agulhas dentro do seu corpo, dona Lucrécia fala como se o fenômeno fosse a coisa mais normal. Desde a idade dos quinze anos, sente a presença desses objetos e que já houve época em que foram tiradas sessenta agulhas num só dia (Fraternidade).► Saiba mais sobre este caso em Relax Mental, que traz também algumas explicações espíritas para tema.
Dentro dessa visão, de que espetar agulhas no corpo pode não ser rito de magia negra, vudu, candomblé ou espiritismo existe outro caso tratado, este, em 2007, no Sul da China - Kunming, província de Yunnan -
onde uma mulher (desde o nascimento) vivia a 29 anos com 23 agulhas no corpo, localizadas no abdômen, pulmões, bexiga e rins.
Segundo os médicos que trataram dela, o motivo foi provavelmente os avós da paciente, que não queriam meninas em casa e por isso tentaram eliminá-la. Apesar de ter sobrevivido aos 23 atentados, sua vida não era fácil; sofria de ansiedade e depressão, era incapaz de realizar esforços físicos e sofria de insônia.
► A matéria jornalística sobre Luo Cuifen ainda está no Portal Terra
1 Comentário(s):
A Polícia de São Vicente Férrer, cidade a 275 quilômetros de São Luís, no Maranhão, investiga, em sigilo, mais um caso envolvendo vítimas de agulhas introduzidas no corpo. A vítima desta vez foi uma mulher de aproximadamente 23 anos. Para preservar a vítima, o nome não foi divulgado.
O delegado disse que vai investigar para saber a quanto tempo a mulher vêm sendo agredida. Entre os questionamentos, está a quantidade de agulhas existentes no corpo da vítima. "Vamos começar a analisar a situação, tomar depoimentos e avaliar essa questão que eu acho que já deve estar se tornando cultural neste município", comentou Pacheco.
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