O crack chama a atenção de todos
Comércio e consumo do crack
na sociedade brasileira é incontestável
na sociedade brasileira é incontestável
"Pedras de crack" |
O governo federal está colocando em prática um novo programa nacional de enfrentamento ao crack e outras drogas. E vai bem nessa direção, pois esta substância é de fácil acesso, tem alta letalidade, causa dependência rapidamente e está presente em todo o território nacional, a baixo custo.
A propósito, o Conselho Federal de Medicina (CFM) lançou uma campanha para o combate ao crack. As três publicações são resultado de três seminários com especialistas e autoridades de várias partes do Brasil que discutiram como enfrentar o crack. A cartilha foi elaborada para orientar os médicos na relação com os dependentes e no tratamento e será distribuída pelo Ministério da Saúde. Todo o material já está na internet.
Usuários do crack - um descanso infeliz |
Os Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (Caps Ad), principal estratégia para o acolhimento e tratamento de portadores de transtornos mentais e usuários de drogas, estão presentes em apenas 14,8% das cidades, o que o próprio estudo indica ser insuficiente. O estudo revela que faltam "equipamentos sociais" e capacitação na área para cuidar dos dependentes. Segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski,
[...] não há investimento algum, não há uma política de integração entre União e Estado e Municípios para fazer esse enfrentamento. Quem está respondendo por isso são as comunidades, é a sociedade civil (Paulo Ziulkoski)Para Marcelo Ribeiro (2011), doutor em Medicina (Psiquiatria) e investigador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad), serviço ligado ao Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o crack deve chamar a atenção de todos “porque sua dependência atinge níveis graves, impactantes: o usuário acaba se desligando de tudo, vaga pelas ruas em busca da droga". Ainda segundo Ribeiro, para tratar do problema, é necessário se construir uma estrutura que inclua ampliação da rede de auxílio aos dependentes, que hoje é muito pequena e ineficaz, e que haja opções públicas de tratamento para os diferentes estágios da dependência.
[...] tem aquele cara que começou a usar crack e perdeu o controle, mas continua empregado e em contato com a família. Este pode se beneficiar de uma internação curta em um ambulatório ou em um Caps" (Ribeiro, 2011).E tem também pacientes em estágio mais avançado de dependência que precisam de uma internação mais longa (de nove meses ou mais), em comunidades terapêuticas, onde o paciente se interna voluntariamente para se tratar em um ambiente comunitário, de modo que, junto a outros dependentes, cuida da residência: lava louça, limpa banheiros e faz atividades similares, "além de lutar por sua abstinência e reaprender a conviver em abstinência.
Na visão dos especialistas Marcelo Ribeiro e Ronaldo Laranjeiras, organizadores da importante obra “O tratamento do usuário de crack”, as escolas e usuários mais jovens devem ter prioridade no atendimento e que o sistema formal de tratamento deve agir em sintonia com o informal de autoajuda, como Narcóticos Anônimos, grupos familiares, comunitários e religiosos.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), sugerem que 3% da população brasileira é usuária desta droga, o que representa 6 milhões de pessoas. De acordo com o Observatório do Crack, a idade média em que os dependentes começam a consumir a substância é de 13 anos e o número de usuários que voltam ao uso após alta do tratamento é muito grande.
Instrumentos improvisados do crack |
Para Silva, outro fator que se deve considerar é a grande impulsividade e propensão a correr riscos, enfrentada pelos usuários de crack, até mesmo quando em períodos de abstinência temporária.
“O uso da substância leva os usuários a comportamentos de risco e percebe-se uma grande relação com estupros, violência e prostituição, levando, dessa forma, o usuário a uma condição primitiva e degradante de existência. As muitas necessidades relatadas pelo usuário de crack, motivado para tratamento, sugerem que a entrada no tratamento e manutenção poderia ser facilitada por um prévio e mais abrangente serviço auxiliar ao tratamento. Usuários de crack que conseguem a abstinência também apresentam melhorias em outros domínios, como o familiar, legal, psiquiátrico e outros, o que justifica a busca por investimentos e pesquisa nessa área” (Rodrigo Sinnott Silva, 2008)Para Pollyana Pimentel, assessora da Secretaria de Saúde do Recife (PE), tratar os dependentes é um deasafio, mas evitar que as pessoas cheguem ao ponto de precisar de tratamento é o maior desafio que deve começar nas escolas, de modo a evitar “que a pessoa chegue a um ponto de perda dos vínculos”.
Comportamento pouco estudado
Apesar de haver várias publicações nacionais recentes sobre cocaína, a maioria dos estudos se preocupa com questões epidemiológicas em populações específicas, como meninos de rua, estudantes ou pacientes em tratamento. Pouco se sabe a respeito do padrão de uso e das características específicas dos usuários (...)
Estudos mais detalhados sobre o comportamento dessa população são necessários, considerando que cada subgrupo de usuários de cocaína apresenta especificidades que podem ser fundamentais no planejamento das políticas de tratamento e prevenção (Ferri; Laranjeira; Silveira; Dunn; Formigoni, 1997.
Para saber mais, visite os sites: Crack, nem pensar! — Vídeo sobre efeitos do crack — Entrevista com Marcelo Ribeiro (10/10/2008)
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