Situação só piorou

A dispersão de refugiados pelo mundo acentuou-se nos últimos dois anos, a ponto de se tornar um dos mais graves problemas sociais enfrentados pelos países centrais. Eles chegam aos montes, nas fronteiras da Europa.

Poucos imaginavam que esse efeito colateral da guerra síria abalaria a estabilidade das grandes nações mundiais e as fariam pensar nos custos/ benefícios que supostamente essa guerra tem.
Memórias de uma época - II

20100812

Fundamentalistas no Oriente Médio

Por causa do fracasso e da falta de desenvolvimento do Estado, muitas milícias desempenham o papel de um governo paralelo.
As grandes catástrofes e a reconstrução política são oportunidades para que o terrorismo e o fundamentalismo tentem se impor por meio do medo e do dinheiro (Rodrigo Craveiro, Correio Brasiliense, 12/08/2010)..
Menina afegã (2010)

No Afeganistão, os talibãs se aproveitam da quase inexistência do Estado para reconquistar áreas perdidas após a invasão anglo-americana, em 7 de outubro de 2001.

No Paquistão, assolado pelas chuvas que já matam 1,3 mil pessoas, a milícia Tehrik-i-Taliban Pakistan (TTP), o Talibã paquistanês, exige que as autoridades não aceitem ajuda do Ocidente.

No Iraque, a rede extremista Al-Qaeda promete pagar salários maiores a sunitas que debandarem do governo e se alistarem às suas fileiras.

Na Somália, a facção islâmica Al-Shabaab ordenou que três grupos de assistência humanitária ocidentais suspendessem a distribuição de alimentos e donativos a mais de 650 mil pessoas, sob a justificativa de “disseminarem suas ideologias corruptas”.

O indiano Muqtedar Khan, cientista político da Universidade de Delaware (Estados Unidos), renomado intelectual muçulmano, tenta explicar esse fenômeno, citando os partidos islâmicos Hezbollah, no Líbano, e Hamas, nos territórios palestinos, como exemplos: o Hezbollah reconstruindo casas após a guerra com Israel e o Hamas dirigindo universidades, escolas e hospitais.
Por causa do fracasso e da falta de desenvolvimento do Estado, muitas milícias desempenham o papel de um governo paralelo. Elas fornecem segurança, algumas vezes justiça rápida, e são agora os principais atores que respondem a desastres naturais. (Khan, 2010)

Crianças são levadas das famílias, treinadas em lugares isolados e colocadas em ação

Para Muqtedar Khan, ao atuarem como Estado, esses grupos minam as autoridades existentes e se aproveitam de benefícios do próprio Estado, como o recrutamento de cidadãos e a taxação de impostos, na forma de dinheiro de caridade.

As enchentes no Paquistão (2010)

O talibã paquistanês

Para o analista político Magnus Ranstorp, do Colégio de Defesa Nacional Sueco, o caso atual mais dramático é o do Paquistão, onde o governo não consegue responder às inundações que deixaram 2 milhões de deslocados e afetaram 14 milhões de pessoas. O porta-voz dos talibãs TTP, Azam Tariq, prometeu cerca de US$ 20 milhões para as vítimas, caso Islamabad recuse a oferta internacional.
Trata-se de um modo sofisticado de dividir a população das forças invasoras. O problema para o TTP é que eles terão que fornecer uma alternativa atrativa à população — e não apenas um ‘graveto' (Ranstorp, 2010)
O estrategista paquistanês Hasan-Askari Rizvi, professor da Universidade de Punjab, disse que o governo do presidente Asif Ali Zardari não está levando o TTP a sério.
Essa declaração (de Azam Tariq) é vista mais como uma propaganda. As autoridades não permitiram que os talibãs se envolvessem no socorro aos flagelados. Além disso, as áreas tribais não foram afetadas pelas enchentes, e a milícia está impedida de atuar livremente no interior do país. (Rizvi, 2010)
O fato de organizações islâmicas de caridade terem se mobilizado com mais agilidade que o governo já preocupa os Estados Unidos. Classificada como facção terrorista, a Jamat-ud-Dawa (JuD) garante já ter ajudado 250 mil pessoas, doando barracas, utensílios e 5 mil rúpias (cerca de US$ 58) a cada família atingida.

Cena comum no Iraque: camionete carregando vítimas de atentados

Os filhos do Iraque

Uma reportagem publicada pelo jornal britânico Daily Telegraph revela como a Al-Qaeda se mobiliza para ganhar espaço no país. No primeiro dia do Ramadã (mês sagrado para os muçulmanos), os milicianos do grupo Filhos do Iraque (que recebem cerca de US$ 300 por mês pelo governo) têm recebido da rede terrorista uma proposta salarial mais alta para aderirem às suas fileiras. A notícia não surpreende Muqtedar Khan:
“No Iraque, no Afeganistão e no Paquistão, a Al-Qaeda é tratada como opção de carreira por alguns. Ela paga mais que outras milícias e profissões e, para muitos que têm baixa escolaridade, é uma fonte de renda, respeito e poder” (Khan, 2010)

~! [+] !~

  © The Professional Template desenhado por Ourblogtemplates.com 2008 e adaptado por Flávio Flora 2009

Voltar ao TOPO