Situação só piorou

A dispersão de refugiados pelo mundo acentuou-se nos últimos dois anos, a ponto de se tornar um dos mais graves problemas sociais enfrentados pelos países centrais. Eles chegam aos montes, nas fronteiras da Europa.

Poucos imaginavam que esse efeito colateral da guerra síria abalaria a estabilidade das grandes nações mundiais e as fariam pensar nos custos/ benefícios que supostamente essa guerra tem.
Memórias de uma época - II

20111003

O crack chama a atenção de todos

Comércio e consumo do crack
na sociedade brasileira é incontestável

"Pedras de crack"
Crack é o nome que se dá ao som produzido pela queima da substância. Trata-se de uma mistura de cristal de cocaína ou pasta-base ou cocaína em pó (cloridrato de cocaína e adulterantes), água e bicarbonato de sódio. A mistura é fervida até que a água tenha evaporado e a substância se resolve em pedras ou pedaços contendo alcalinos e cocaína, facilmente volatilizados em temperaturas moderadas.

O governo federal está colocando em prática um novo programa nacional de enfrentamento ao crack e outras drogas. E vai bem nessa direção, pois esta substância é de fácil acesso, tem alta letalidade, causa dependência rapidamente e está presente em todo o território nacional, a baixo custo.

A propósito, o Conselho Federal de Medicina (CFM) lançou uma campanha para o combate ao crack. As três publicações são resultado de três seminários com especialistas e autoridades de várias partes do Brasil que discutiram como enfrentar o crack. A cartilha foi elaborada para orientar os médicos na relação com os dependentes e no tratamento e será distribuída pelo Ministério da Saúde. Todo o material já está na internet.

Usuários do crack - um descanso infeliz
No final de 2010, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) fez levantamento dos problemas locais relacionados às drogas em 3.950 cidades brasileiras (uma amostragem de 71% do total) e mostrou que em 98% delas havia problemas relacionados ao crack. A pesquisa evidenciou que os secretários municipais de saúde ouvidos têm grandes dificuldades em enfrentar os problemas que a substância causa. Disse um deles: "A grande maioria das detenções são decorrentes de roubos para a compra de drogas".


Os Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (Caps Ad), principal estratégia para o acolhimento e tratamento de portadores de transtornos mentais e usuários de drogas, estão presentes em apenas 14,8% das cidades, o que o próprio estudo indica ser insuficiente. O estudo revela que faltam "equipamentos sociais" e capacitação na área para cuidar dos dependentes. Segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski,


[...] não há investimento algum, não há uma política de integração entre União e Estado e Municípios para fazer esse enfrentamento. Quem está respondendo por isso são as comunidades, é a sociedade civil (Paulo Ziulkoski)
Para Marcelo Ribeiro (2011), doutor em Medicina (Psiquiatria) e investigador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad), serviço ligado ao Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o crack deve chamar a atenção de todos “porque sua dependência atinge níveis graves, impactantes: o usuário acaba se desligando de tudo, vaga pelas ruas em busca da droga". Ainda segundo Ribeiro, para tratar do problema, é necessário se construir uma estrutura que inclua ampliação da rede de auxílio aos dependentes, que hoje é muito pequena e ineficaz, e que haja opções públicas de tratamento para os diferentes estágios da dependência.

[...] tem aquele cara que começou a usar crack e perdeu o controle, mas continua empregado e em contato com a família. Este pode se beneficiar de uma internação curta em um ambulatório ou em um Caps" (Ribeiro, 2011). 
E tem também pacientes em estágio mais avançado de dependência que precisam de uma internação mais longa (de nove meses ou mais), em comunidades terapêuticas, onde o paciente se interna voluntariamente para se tratar em um ambiente comunitário, de modo que, junto a outros dependentes, cuida da residência: lava louça, limpa banheiros e faz atividades similares, "além de lutar por sua abstinência e reaprender a conviver em abstinência.

Na visão dos especialistas Marcelo Ribeiro e Ronaldo Laranjeiras, organizadores da importante obra “O tratamento do usuário de crack”, as escolas e usuários mais jovens devem ter prioridade no atendimento e que o sistema formal de tratamento deve agir em sintonia com o informal de autoajuda, como Narcóticos Anônimos, grupos familiares, comunitários e religiosos.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), sugerem que 3% da população brasileira é usuária desta droga, o que representa 6 milhões de pessoas. De acordo com o Observatório do Crack, a idade média em que os dependentes começam a consumir a substância é de 13 anos e o número de usuários que voltam ao uso após alta do tratamento é muito grande.

Instrumentos improvisados do crack
Segundo o psicólogo Rodrigo Sinnott Silva, desde 1986, inúmeros estudos chamam a atenção sobre o uso do crack em diferentes populações e os diversos casos clínicos e reações adversas neurológicas, psicológicas, cardíacas e pulmonares apresentadas pelos usuários. Segundo esse autor, a porcentagem de pacientes que relataram uso de crack (cocaína fumada) aumentou de 17% (1990), para 64% (1993) e continuam em ascenção.

Para Silva, outro fator que se deve considerar é a grande impulsividade e propensão a correr riscos, enfrentada pelos usuários de crack, até mesmo quando em períodos de abstinência temporária.

“O uso da substância leva os usuários a comportamentos de risco e percebe-se uma grande relação com estupros, violência e prostituição, levando, dessa forma, o usuário a uma condição primitiva e degradante de existência. As muitas necessidades relatadas pelo usuário de crack, motivado para tratamento, sugerem que a entrada no tratamento e manutenção poderia ser facilitada por um prévio e mais abrangente serviço auxiliar ao tratamento. Usuários de crack que conseguem a abstinência também apresentam melhorias em outros domínios, como o familiar, legal, psiquiátrico e outros, o que justifica a busca por investimentos e pesquisa nessa área” (Rodrigo Sinnott Silva, 2008) 
Para Pollyana Pimentel, assessora da Secretaria de Saúde do Recife (PE), tratar os dependentes é um deasafio, mas evitar que as pessoas cheguem ao ponto de precisar de tratamento é o maior desafio que deve começar nas escolas, de modo a evitar “que a pessoa chegue a um ponto de perda dos vínculos”.

Comportamento pouco estudado
Apesar de haver várias publicações nacionais recentes sobre cocaína, a maioria dos estudos se preocupa com questões epidemiológicas em populações específicas, como meninos de rua, estudantes ou pacientes em tratamento. Pouco se sabe a respeito do padrão de uso e das características específicas dos usuários (...)

Estudos mais detalhados sobre o comportamento dessa população são necessários, considerando que cada subgrupo de usuários de cocaína apresenta especificidades que podem ser fundamentais no planejamento das políticas de tratamento e prevenção (Ferri; Laranjeira; Silveira; Dunn; Formigoni, 1997.

Para saber mais, visite os sites: Crack, nem pensar!Vídeo sobre efeitos do crackEntrevista com Marcelo Ribeiro (10/10/2008)

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20110101

A pobreza extrema no Brasil

O Brasil mantém-se nas piores posições do ranking mundial da concentração de renda, mas a desigualdade de renda entre ricos e pobres no Brasil de Lula está em curva descendente, desde 2003

Cerca 31,7 milhões de brasileiros deixaram a pobreza, outros 12,6 milhões já não podem ser considerados miseráveis e outros 13,5 milhões de brasileiros ainda estão em pobreza extrema, condição que (espera-se) o governo de Dilma Rousseff deverá mudar.


Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) indicam que o Bolsa-Família teve papel relevante. Um em cada quatro brasileiros é beneficiado por ele com pagamentos de R$ 22 a R$ 200 mensais, sem prazo para terminar. Mas isso não significa que a miséria do País foi resolvida, mesmo temporariamente, pois, além dos mencionados 13,5 milhões em extrema pobreza, há ainda 5,3 milhões de famílias que não superaram essa condição, mesmo sendo beneficiadas pelo Bolsa-Família.

Segundo o estudo do IPEA, as aposentadorias, pensões e benefícios de prestação continuada (BPC), pagos a idosos e pessoas pobres com deficiência, teriam contribuído com 15% na redução da desigualdade durante a década. No mesmo período, o Bolsa-Família contribuiu com 16% para a queda da desigualdade.

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